Eduardo Gonçalves Ribeiro: O Governante que Transformou Manaus

Eduardo Gonçalves Ribeiro nasceu em 18 de setembro de 1862, no estado do Maranhão. Sua trajetória de vida e trabalho deixou um legado marcante na história do Amazonas, especialmente em Manaus, onde veio a falecer em 14 de outubro de 1900. Ainda no Maranhão, recebeu o apelido de “O Pensador”, em alusão ao jornal republicano que editava, chamado O Pensador. Além de jornalista, Eduardo também foi engenheiro militar do Exército, cargo que lhe permitiu ingressar em Manaus em 1887.
Carreira Política e Governança
Em 1890, Eduardo foi convidado a integrar a gestão do primeiro governador republicano do Amazonas, Augusto Ximeno de Villeroy, um militar associado ao Comando Militar Positivista. Pouco depois, com a saída de Villeroy para ocupar o cargo de professor na Escola Superior de Guerra, Eduardo assumiu como governador interino do estado, exercendo o mandato de 2 de novembro de 1890 a 5 de maio de 1891.
Eduardo retornou ao governo do Amazonas em 27 de fevereiro de 1892, desta vez eleito pela Assembleia Legislativa, permanecendo no cargo até 23 de julho de 1896. Seu período como governador é lembrado como uma era de grande prosperidade, marcada por projetos ambiciosos de infraestrutura que transformaram Manaus em um modelo de urbanização e progresso. Entre as obras realizadas, destacam-se:
- Conclusão do Teatro Amazonas, ícone cultural e arquitetônico;
- Construção do Reservatório do Mocó, essencial para o abastecimento de água;
- Edificação da Ponte Benjamin Constant, além das Primeira e Segunda Pontes Romanas;
- Implementação do Sistema de Geração e Distribuição de Eletricidade;
- Criação do Sistema de Bondes Elétricos, inovador para a época;
- Construção do Palácio da Justiça.
Essas realizações contribuíram para que Manaus fosse reconhecida como a “Paris dos Trópicos”, um título que refletia seu desenvolvimento urbano e cultural.
Após o Governo
Após deixar o cargo de governador em 1896, Eduardo candidatou-se ao Senado Federal, mas não obteve sucesso. No entanto, foi eleito deputado estadual pelo Partido Republicano, cargo que exerceu com destaque, alcançando a presidência da Assembleia Legislativa Estadual. Sua influência política e legado administrativo mantiveram-se fortes até sua morte.
Declínio da Saúde e Controvérsias
No início de 1900, Eduardo começou a enfrentar sérios problemas de saúde. Seguindo recomendações médicas, viajou à Itália para tratamento. Lá, foi diagnosticado com embolia cerebral, o que agravou sua condição. Retornou ao Brasil acompanhado por amigos do Partido Republicano, mas seu estado de saúde continuou a deteriorar.
Sua última aparição pública ocorreu em 30 de setembro de 1900, em um baile no Paço da Liberdade oferecido pelo governador Silvério Nery. Em 10 de outubro, já debilitado, Eduardo não compareceu à convenção do Partido Republicano, sendo substituído pelo vice-presidente da Assembleia.
No dia 14 de outubro de 1900, foi encontrado morto em sua propriedade, a Chácara “O Pensador”, localizada no bairro de Flores, em Manaus. A ausência de testemunhas próximas, somada às circunstâncias de sua morte, gerou controvérsias que permanecem até hoje. Boatos da época levantaram hipóteses sobre suicídio, loucura e até mesmo envenenamento, enquanto sua mãe, dona Maria Florinda da Conceição, acreditava que Eduardo sofria de neurocisticercose, doença causada pela ingestão de alimentos contaminados.
Legado
Independente das controvérsias, Eduardo Gonçalves Ribeiro foi um visionário que transformou Manaus em um exemplo de modernidade e salubridade. Suas obras de saneamento básico reduziram significativamente os índices de mortalidade por doenças infecciosas, colocando a cidade entre as mais salubres do mundo. Este avanço foi essencial para atrair europeus e outros imigrantes, consolidando Manaus como um centro cosmopolita no auge do ciclo da borracha.
O impacto de sua gestão foi tão significativo que, em 1903, o governo de São Paulo enviou uma comissão de saúde para estudar as medidas sanitárias implementadas por Eduardo. O relatório concluiu que as reformas realizadas em sua administração foram responsáveis pelos baixos índices de mortalidade na capital amazonense.
Eduardo Gonçalves Ribeiro foi um homem à frente de seu tempo, cuja visão e dedicação elevaram Manaus a um patamar de destaque no cenário nacional e internacional. Sua história continua viva, inspirando gerações e destacando o papel transformador da boa gestão pública.
