“Deus salve a Gaivota, e nos livre”, de Aldísio Filgueiras, publicado no Jornal do Commercio

“Deus salve a Gaivota, e nos livre”, de Aldísio Filgueiras, publicado no Jornal do Commercio, é uma crônica que mistura crítica social com lirismo. O autor fala da transformação de Manaus, uma cidade que cresceu de costas para o rio e acabou esquecendo sua própria essência, sufocada pelo progresso desordenado, pela poluição, pela política e pela perda da memória coletiva.
A “Gaivota” é a figura central do texto, mas não é apenas um pássaro: ela simboliza uma mulher marginalizada, uma pessoa invisível, abandonada à própria sorte, vivendo à beira da loucura e da miséria. O autor dá um tom poético, mas também denuncia a indiferença da cidade diante da dor humana. Ela é apresentada como alguém que precisa da brisa, da água e até do cheiro do peixe para sobreviver — elementos que a cidade moderna roubou dela.
No fundo, Aldísio mostra que a “Gaivota” representa todos os esquecidos pela sociedade, vítimas de um sistema que prioriza o progresso material e a política, mas ignora a dignidade das pessoas. Ao final, o autor faz uma prece: que Deus salve as Gaivotas da vida, ou seja, todos aqueles que sofrem e resistem silenciosamente.
