Balneário do Parque Dez: Quando a água começou a adoecer os banhistas!

A água ocasiona febre, é suja e, em algumas partes se nota uma certa densidade de óleo. Folhas de árvores são comuns, travesseiros de “macumbas” deslizam na quase imperceptível “correnteza”, o barro penetra nas peles dos banhistas, que são obrigados a tomarem outro banho em casa… “Essa imundície, onde já não atrai (como atrair?) o grande número de pessoas de quatro anos atrás”, chama-se Parque 10.
A opinião é dos banhistas que se encontravam lá às dezessete horas de sábado, cerca de vinte jovens entre 16 e 20 anos, que frequentam quase todo o dia o local, entre elas Roberval Feitosa – morador da Cachoeirinha – e Raimundo Alves Pereira, que pegou dois dias de febre (é a única coisa que dá na gente quando tomamos banho, doença grave não)”, dizem ingenuamente) porque seu corpo “amoleceu” de repente por causa da água suja.

Pior, segundo eles: “a água vem de cima (da cabeceira do Rio Preto) e passa pelo igarapé existente atrás do Hospital Alan Kardec localizado à rua Recife: por isso o pessoal diz que água aui tem cheiro e gosto de hospital, pois chega a vir até material de curativos para a piscina do balneário, confessa Raimundo Alves Pereira, que não quer mais tomar banho ali, embora “a terra embaixo (o piso da piscina) seja boa, mas fique amarelada completamente quando chove, pois a sarjeta e a rua limpam e a água em consequência se torna anti-higiênica”. Além disso, os banhistas reclamam que deveria ter uma tela na ponte, construída para a passagem de carros no lado direito da piscina, o que poderia fazer com que pelo menos a água ficasse um pouco menos suja e perigosa. Eles acham que a administração responsável pelo balneário não cuida de nada, “o que é um exagero”, admitiu pelo menos um deles.

RESPOSTA
Na espécie de barragem que existe na piscina, na sua parte de cima, as folhas param e há muitos resíduos, como carteiras de cigarros. Na parte de baixo a situação é um pouco pior. E por incrível que pareça, muita gente se arrisca a tomar banho nesta parte, inclusive crianças. O Zoológico tem aparência razoavelmente bonita, mas há poças de água naturalmente estagnadas e misturadas à sujeira e o normal cheiro dos animais presos ali.
No Zoológico, os frequentadores não chegam a “fazer suas necessidades” – como informou um dos jovens – m, como na piscina, pelo menos a céu aberto. A areia onde as crianças brincam todos os domingos também está limpa. E os animais aparentemente estão bem alimentados, embora o número deles não seja grande para um zoológico amazônico.
Para o administrador do balneário do Parque Dez, sr. Afonso Rezende, “todo mundo pode ver que o local é limpo e que tudo está correndo normalmente, pois ninguém reclama, só os da oposição”. – Não acredito que a água esteja totalmente poluída, porque até hoje não houve doença. A dragagem está em dia, disse, lembrando que ela foi feita somente uma vez até agora. Informou que toda segunda-feira a piscina é lavada: após a retirada de toda a água, “vários funcionários da Prefeitura raspam os detritos encontrados, que são jogados no monturo”.
No inverno é impossível tanto este tipo de trabalho como os banhos, em consequência das fortes chuvas e das inundações que chegam até o zoológico e à parte administrativa

PROBLEMAS
O administrador Afonso Rezende reluta em dizer, mas dá a entender que falta cloro para minimizar o problema da poluição das águas da piscina. (O cloro fornecido pelo município). Apesar disso, diz que o prefeito Jorge Teixeira está muito interessado no melhoramento do balneário do Parque 10, pois quer construir uma piscina olímpica e um finásio de esportes. — Não tenho culpa que as folhas caiam dentro da água e que alguns façam suas necessidades na piscina, disse, reclamando veladamente da falta de policiais para atenderem muita gente. (Há dois ou três policias, informou).
Para melhorar o aspecto espacial e estético do Parque Dez, disse que virá do Rio de Janeiro um especialista a fim de transferir o zoológico para a parte mais alta do balneário. Admitindo que as críticas têm que ser feita, dependendo do que se quer do zoológico, por exemplo, (se se quiser ampliá-lo, muita gente tem razão nas críticas), “ou do que se quer do balneário em si”. — O Zoológico vive aqui sem nenhum prego, deixou escapar Afonso Rezende, voltando atrás para dizer que o “Prefeito está interessado em dar melhores condições ao local.
Afonso diz: “O mundo pode ver que, pelo tempo e região, temos dificuldade para conduzir a água limpa até a piscina. Não é falta de interesse, é falta de recursos, pois a água está totalmente poluída. Pedimos a ajuda da população para evitar o desperdício e o uso da água com sabão e outros resíduos domésticos”. Há urgência na conscientização, pois os banhistas adoecem e não sabem por quê. A ideia é montar barreiras filtrantes, mas ainda não foram encontradas soluções adequadas.

Fonte : Jornal A Notícia de 27 de julho de 1975