Socava o próprio rosto em Manaus antigamente: Quem era o mendigo Ivan?

Entre as figuras mais marcantes e misteriosas que já habitaram o Centro de Manaus, o nome de Ivan Brito de Macedo permanece vivo na memória de quem viveu os anos 80, 90 e 2000 na cidade. Conhecido por comportamentos peculiares e até assustadores, Ivan se tornou um personagem urbano que despertava tanto curiosidade quanto compaixão.
Sempre presente nas redondezas da Praça do Congresso, sob a marquise da agência dos Correios ou perambulando pelas ruas do centro, Ivan era facilmente reconhecido. Algumas vezes, estava sentado em um banco, olhando fixamente para a Avenida Eduardo Ribeiro; em outras, caminhava sozinho, carregando um ar de mistério. Alimentava-se do que encontrava no lixo ou do que ganhava de pessoas solidárias.
Mas o que mais chamava atenção eram seus rituais incomuns. Um deles consistia em socar o próprio rosto com força, produzindo um som seco que assustava quem passava. Outro, ainda mais intrigante, acontecia na esquina das ruas Simão Bolívar e Ferreira Pena: Ivan abria os braços, corria de costas e se chocava violentamente contra um muro, repetindo o gesto dezenas ou até centenas de vezes. O impacto era tão intenso que deixou marcas permanentes na parede, vistas por anos. Algumas pessoas associavam essas marcas à imagem do Santo Sudário.
Há relatos de que Ivan foi, no passado, um homem extremamente inteligente, professor de física, poliglota e profundo conhecedor de História e Matemática. Uma tragédia pessoal, possivelmente ligada à esposa, teria mudado o rumo de sua vida, levando-o ao isolamento e à vida nas ruas.
O escritor Jackson da Mata registrou parte dessa história no livro “O Caderno de Ivan, o mendigo que socava o rosto“, revelando cartas não enviadas e um diário com observações minuciosas sobre o mundo à sua volta. Segundo o autor, Ivan possuía uma percepção aguçada para identificar pessoas que poderiam ajudá-lo ou representar ameaça, bem como informações sobre locais seguros para dormir e conseguir comida.
Outras memórias populares incluem Ivan gritando números, desenhando no chão ou escrevendo no seu caderno, comportamentos que reforçavam seu ar enigmático. Apesar de décadas vivendo nas ruas, ele nunca aceitou ser internado em um hospício.
O fim de sua vida chegou de forma solitária: faleceu na década de 2010, vítima de problemas cardíacos, encontrado na Avenida Getúlio Vargas. Até hoje, a história de Ivan mistura lenda, memória e realidade, sendo lembrada com respeito e curiosidade por quem o conheceu.
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